Guia de Boas Práticas
Conservação da Biodiversidade
em Propriedades de Café
O Instituto de Manejo e Certiicação Florestal e Agrícola (Imalora) incentiva e promove mudanças nos setores lorestal e agrícola, visando a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e a promo -ção de benefícios sociais.
Guia de boas práticas - Conservação da biodiversidade em propriedades de café / Christian Bacci Eduardo Trevisan Gonçalves, Flávio Levim Cremonesi e Rodrigo Belmonte Cascales - Piracicaba, SP: Imalora, 2008.
39 p.
ISBN 978-85-98081-23-6
1. Conservação. 2. Brasil - Agricultura. 3. Biodiversidade. 4. Meio ambiente. 5. Café. 6. Cafeicultura. I. Título.
INSTITUTO DE MANEJO E CERTIFICAÇÃO FLORESTAL E AGRÍCOLA
Ficha Catalográica
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Guia de Boas Práticas
Conservação da Biodiversidade
em Propriedades de Café
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IMAFLORA - Instituto de Manejo e Certiicação Florestal e Agrícola Tel / Fax: 55 (19) 3414 4015 imalora@imalora.org
Este documento é uma produção do pro -jeto “Conservação da biodiversidade de café: Transformando práticas produtivas no setor cafeeiro para aumentar a deman -da de café certiicado sustentável”, patro -cinado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Fundo Mundial de Biodiversidade (Global Environment Facility - GEF) e executado pela Rainforest Alliance e membros da Rede de Agricultura Sustentável.
Coordenação geral: Flávio Levim Cremonesi Rodrigo Belmonte Cascales
Revisão técnica:
Ecossistemas Soluções Sustentáveis
Projeto gráico:
Lambari Comunicação 55 (19) 3435 7503 contato@lambaricom.com.br www.lambaricom.com.br
Execução:
Instituto de Manejo e Certiicação Flores -tal e Agrícola – Imalora
Programa de Treinamento e Capacitação
Agradecimentos especiais:
Empreendimentos certiicados: Fazenda Santana e Fazenda Olhos D’agua (Pe -dregulho SP), Sete Cachoeiras Estate Coffee (Três Pontas MG), A.C. Agro Mercantil (Araxá MG), Fazenda Recanto (Machado MG)
Financiamento:
Fundo Mundial da Biodiversidade (GEF) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Edição:Imalora
Como contribuição à nossa preocupação pela conservação, selecionamos para esta publicação papel Couché 120gr. certiicado FSC.
© 2008 IMAFLORA.
Todos os direitos reservados
Índice
1. Introdução...06
2. Como usar o Guia?...07
3. Primeiro Passo (Visualização da Propriedade Agrícola)...08
3.1. Visualização da Propriedade Agrícola através de um mapa...09
3.2. O que deve estar disponível no mapa...10
3.3. Através do Mapa concluído, o produtor deve poder responder as seguintes perguntas...11
4. Segundo Passo (“Planejamento Mão na Massa”)...12
4.1. Planejando as Ações para a Adequação Ambiental da Propriedade...13
5. Terceiro Passo (“Mão na Massa”)...14
5.1. Áreas de APPs e RLs já Existentes na Propriedade Agrícola...15
5.2. Áreas (APPs e RLs) que precisam ser Relorestadas...17
6. Outras Ações que Auxiliam na Adequação Ambiental da Propriedade Agrícola...20
6.1. Práticas Adequadas...21
6.2. Manejo Adequado do Solo, da Água e do Vento...22
6.3. Utilização e Redução de Agroquímicos...23
6.4. Capacitação e Treinamento (periódico)...24
6.5. Compromisso Empresarial...25
6.6. Monitoramento da Avifauna...26
6.7. Enriquecimento e Monitoramento da Flora...27
7. Exemplos de Práticas adotadas em Propriedades Certiicadas...28
7.1. Identiicação das (APPs), no interior das fazendas de café certiicadas...29
7.2. Exemplo de Relorestamento com Mudas Nativas e Cobertura do Solo...30
7.3. Nascentes d’água protegido em uma área de APP...32
7.4. Área de Pivô Central com as Barreiras de contenção d’água...34
7.5. Pássaros...36
8. Glossário...38
6 Guia de Boas Práticas
E
ste guia foi criado para de-monstrar, de maneira prática, as ações que podem auxiliar o produtor rural na adequação am-biental de sua fazenda. Além dis-so, busca facilitar o entendimento sobre os principais temasambien-tais, incluídos na Norma da Agri -cultura Sustentável (normas para
certiicação Rainforest Alliance) e
na legislação ambiental brasileira. Ele foi elaborado a partir de
visitas em fazendas já certiica -das, nas regiões cafeeiras do sul de Minas, da Alta Mogiana e do
Cerrado, onde o Imalora regis -trou imagens, realizou entrevistas e conheceu as práticas que cada fazenda realizava, adequando-as
às Normas de Certiicação e be
-neiciando os recursos naturais e
as pessoas que ali trabalhavam ou viviam. O guia traz imagens de
fazendas já certiicadas, onde se
podem ver soluções encontradas para a conservação dos recursos naturais existentes na proprieda-de: nascentes, áreas de reserva, solos, destino adequado de resí-duos, entre outros.
Para se realizarem as ativida-des aqui ativida-descritas, recomenda-se,
fortemente, o auxilio proissional de um engenheiro lorestal, agrô -nomo, ambiental, de um biólogo
ou de outro proissional habilita -do. Órgãos de assistência técnica da sua região também podem ser consultados.
Paralelamente a este guia, po-de-se consultar o “Manual Técni-co: Restauração e Monitoramento da Mata Ciliar e Reserva Legal
para Certiicação Agrícola”, onde
está descrito o passo a passo para o desenvolvimento de um projeto de adequação ambiental em uma propriedade rural.
6 Guia de Boas Práticas
O presente Guia está separado por três partes: as três primeiras
são os “passos” para a adequação
ambiental da propriedade, levan-do em consideração as áreas de Reserva Legal e Preservação Per-manente.
Na segunda parte, na página 20,
estão outras práticas que devem ser implementadas, caso a
proprie-dade pretenda buscar a certiica -ção ou estarem mais adequadas do ponto de vista sócio-ambiental.
E na terceira parte, na página 28, estão alguns exemplos na for-ma de ifor-magens de práticas
adota-das por fazenadota-das já certiicaadota-das.
O primeiro passo é facilitar, através de um mapa ou croqui, a visualização da propriedade: a lo-calização das nascentes de água, dos córregos e dos rios (caso exis-tam), das áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente, além da localização dos cultivos e da infra-estrutura;
O segundo passo é planejar as ações, ou seja, avaliar a existên-cia das áreas de APP e RL e as necessidades de recomposição
(relorestamento);
O terceiro passo é executar as atividades, após a visualização e o planejamento.
8 Guia de Boas Práticas
Primeiro Passo
(Visualização da Propriedade Agrícola)
Conservaçãoda Biodiversidadena CafeiCultura
Para facilitar o gerenciamento das atividades a executar e a vi-sualização das áreas a manejar, é necessário possuir um mapa (ou um croqui).
Grupos de produtores fami-liares podem fazer mapas coleti-vos com o apoio da Cooperativa ou de órgãos públicos. Desenhos
e croquis constituem uma opção também, em virtude do custo de produzir-se um mapa.
Para fazer o mapa, você deve consultar uma empresa de
topogra-ia da sua cidade ou região e pedir
que estejam disponíveis para visuali-zação das informações apresentadas nas próximas páginas.
10 Guia de Boas Práticas
1. Áreas de produção agrícola;
2. Pastagens e outras áreas (áreas desocupadas);
3. Áreas de reserva legal (quando existentes na propriedade);
4. Áreas de preservação perma-nente (APP - vegetação ao redor de rios e nascentes de água). Esta área é geralmente de 30 metros as onde existe vegetação natural e das áreas com necessidade de
relorestamento ou de interven -ção. Priorize as áreas próximas a cursos d´água;
6. Atualização do mapa antigo, caso já haja um, especialmente em caso de mudanças no uso das áreas.
O que deve estar disponível no mapa
1.Tenho área suiciente de Reser -va Legal ?
Se não, quanta área ainda falta para completar o exigido pela lei? Se sim, a área possui vegetação nativa?
2. As áreas de APP da minha
pro-priedade estão plenamente ocupa-das com vegetação natural?
Preci-so relorestar ou substituir o café
ou a outra cultura lá existente por vegetação natural?
Essas questões vão ajudar na próxima etapa, que é o planeja-mento das ações.
Através do Mapa concluído, o produtor deve poder
responder as seguintes perguntas
Guia de Boas Práticas
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Segundo Passo
(“Planejamento Mão na Massa”)
Após produzir-se o mapa que representa o uso do solo da pro-priedade agrícola, deve-se proce-der ao planejamento para a ade-quação da propriedade, o qual pode ser dividido em três ações:
• Ações nas Áreas de Preservação
Permanente e nas Reservas Le-gais já existentes;
• Ações nas Áreas de Preservação
Permanente e nas Reservas Legais
que precisam ser relorestadas; • Outras ações que auxiliam na
adequação ambiental da proprie-dade, como monitoramento de animais, uso da água, manejo de resíduos, manejo de solos, contro-le de agroquímicos e treinamento e capacitação.
Planejando as Ações para a Adequação
Ambiental da Propriedade
1. Produzir um diagnóstico das
áreas de APP já existentes e
veri-icar o que é necessário fazer para
garantir a conservação delas;
2. Planejar quais áreas
necessi-tam ser relorestadas, tendo em
vista que as áreas de APP devem
ser priorizadas, já que possuem um impacto direto no entorno de nascentes e das beiradas de rios e
córregos. Nas próximas páginas
deste guia, encontram-se algu-mas imagens e o direcionamento sobre estes dois assuntos.
Guia de Boas Práticas
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Terceiro Passo
(“Mão na Massa”)
Conforme o planejamento no
“Segundo Passo”, iniciaremos a “mão na massa”. As áreas de pre -servação permanente e de Reserva Legal, caso já existam e estejam em bom estado, devem ser
identi-icadas e protegidas por:
• Aceiros: nas regiões do cerrado mineiro, é fundamental seu bom uso e, principalmente, sua
manu-tenção. Num clima seco (no in -verno), com altitudes elevadas e ventos constantes na vegetação, rapidamente uma pequena fagulha, como, por exemplo, uma bituca de cigarro, pode causar queimadas;
• Cercas: todas as áreas destina-das ao gado (pastagens e descan-so) devem ser cercadas, para evi-tar que o gado transite nas áreas protegidas. O acesso à água, pre-ferencialmente, deve ser realiza-do em beberealiza-douros distantes realiza-dos
cursos d’água, evitando o pisoteio
em APP;
• Placas de identiicação: as in-formações contidas nas placas devem ser claras. As tradicionais placas (somente com letras) po-dem ser incrementadas com de-senhos. Devem chamar a atenção quanto a sua função. Alternativas também podem ser observadas: mourões pintados, cercas em pas-sagens, dentre outros exemplos;
• Monitoramento contra ca -çadores: tem a função de tentar proteger a integridade física, es-pecialmente da avifauna, que ga-rante boa parte do transporte das sementes que contribuem na
com-posição lorística das APPs e das RLs. Informar as autoridades am -bientais públicas é fundamental para que se apliquem as medidas legais cabíveis.
Relorestamento da RL, com espécies nativas, e placa de identiicação ao público em geral.
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São feitos com o plantio de mudas em linha, com um nú-mero controlado de espécies ar-bóreas e o manejo do mato nas entrelinhas das árvores, além da adubação.
• Ponto negativo: o número li-mitado de espécies e o número de intervenções deixam a desejar na recuperação da
biodiversida-de. Inexistem arbustos, deixando
de servir de alimento e de abrigo para pássaros e pequenos mamí-feros, principalmente nos primei-ros 3 a 4 anos de implantação.
• Ponto Positivo: facilita a im-plantação, principalmente em fa-zendas de médio e grande porte, já que o sistema é parecido com o plantio de café. Esta atividade
pode entrar no “centro de custos”,
facilitando o gerenciamento.
Áreas (APPs e RLs) que precisam ser Relorestadas
Guia de Boas Práticas
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• Regeneração natural: em muitas áreas de APP, onde houve pouca intervenção humana, o terreno consegue regenerar-se, utilizando
o “banco de sementes” já exis
-tente no local. No entanto, é im
-portante icar atento para evitar a
entrada de fogo e para controlar as espécies de capim que possam abafar as árvores menores. Essa atividade depende de uma equipe bem treinada na realização dessa capina e no coroamento das
árvo-res. Nesse sistema, podem-se tam -bém plantar, de maneira aleatória, algumas mudas de árvores e jogar sementes retiradas de árvores de matas das redondezas.
• Pontos positivos: diminui o custo
de implantação e de manutenção. Animais silvestres podem ajudar na disseminação de sementes.
• Pontos negativos: diiculta o ge -renciamento e a manutenção da área, já que as árvores estão
“es-palhadas”.
• Recuperação das nascentes d’água:
elas são fundamentais no ciclo da água. Por essa importância, devem ser as primeiras áreas a recuperar e preservar. A melhor forma de recu-perar-se uma nascente é fazer o cer-camento da mesma, especialmente onde há trânsito de animais e de máquinas. Em áreas não alagadas, podem-se plantar algumas espécies arbóreas nativas.
Para conseguir as mudas de árvores nativas e realizar esses plantios, caso não haja um vi-veiro próprio, pode-se tentar buscar outro produtor da região que possua uma viveiro de
mu-das ou um viveiro local.
Com auxilio técnico, pode-se também construir um viveiro de mudas na propriedade, usando-se usando-sementes de espécies nativas da região.
Guia de Boas Práticas
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Outras Ações que Auxiliam na
Adequação Ambiental da
Propriedade Agrícola
Pode-se observar a importância de existirem outros fragmentos lorestais próximos, para servirem como corredores à biodiversidade.
• Controle das erosões e das voço -rocas: as erosões devem ser con-troladas através da cobertura ade-quada do solo, do manejo do mato e do plantio em nível, para evitar que grande quantidade de solo seja transportada de seu local original;
• Manejo adequado das “ervas daninhas” e da matéria orgânica: esse manejo deve ser cuidadoso. Elas servem de abrigo e de ali-mento para diversas espécies de insetos, como abelhas e besouros,
benéicas para o agroecossistema;
• Coleta seletiva e organização
dos resíduos sólidos: boa parte do lixo gerado nas propriedades pode ser coletado, separado e vendido
para recicladores. Essa atividade pode gerar recursos para o próprio empreendimento. Lixo espalhado na propriedade não é bem visto por visitantes e compradores;
• Quebra-vento com árvores: dimi-nuem a velocidade e a intensidade dos ventos e podem aumentar a umidade do ar local. Além disso, ajudam no controle da erosão e na alimentação para pássaros, peque-nos mamíferos e seres humapeque-nos;
• Manutenção dos brejos e das
áreas alagadiças: essas áreas
ser-vem, muitas vezes, de “berçário”
para diversas espécies de peixes e de anfíbios, além de funcionarem
como iltros biológicos das águas.
Guia de Boas Práticas
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O manejo adequado dos solos, das águas e dos ventos é fundamental para a conservação da biodiversidade. A maior parte (da biodiversidade) encontra-se no solo, na forma de fungos e bactérias, numa rede de relações que fazem funcio-nar os ciclos biogeoquímicos.
Bananeiras, servindo como quebra-vento no cafezal.
Manejo do mato na entrelinha, com controle mecânico. O herbicida é usado somente nas “saias” dos cafezais.
Todas as práticas devem fa-vorecer o equilíbrio ecológico e preservar a saúde dos trabalhado-res envolvidos. Além da utilização
adequada dos EPIs, da lavagem tri -pla e da destinação correta das em-balagens de agroquímicos, deve-se pensar na diminuição do número de aplicações e na substituição de produtos tóxicos por similares de menor toxicidade.
Assim, as práticas ligadas ao controle e à redução de produtos agroquímicos são:
• Controle químico monitorado
nas plantas;
• Controle mecânico das plantas
invasoras;
• Manejo integrado das pragas e
das doenças.
Guia de Boas Práticas
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É fundamental que os funcio-nários que operem o dia-a-dia da produção agrícola estejam treina-dos e capacitatreina-dos para as respec-tivas responsabilidades, além de que realizem esses treinamentos periodicamente, independente da função. Assim capacitados, ocorre uma tendência de os funcionários reduzirem o desperdício e os danos aos equipamentos utilizados; de diminuírem os riscos por
aciden-tes e, conseqüentemente, de conseguirem o aumen-to da produtividade.
Nesse sentido, seguem
algumas práticas para ca-pacitações e treinamentos:
• (i) Palestras educativas;
• (ii) Alfabetização dos funcioná -rios das fazendas;
• (iii) Produção de cartilhas e car -tazes com desenhos educativos;
• (iv) Educação dos trabalhadores
sobre o manuseio dos equipamen-tos de proteção, em especial os de proteção individual, para aplicar os produtos agroquímicos;
• (v) Participação dos funcioná -rios das fazendas na observação,
na identiicação e na contagem
da fauna.
Compromisso Empresarial
Em todos os níveis hierárqui-cos e nos diferentes locais, deve existir o compromisso com as questões sociais e ambientais na propriedade. O compromisso es-tende-se, também, por meio de:
• Gestão sócio-ambiental docu -mentada, que personaliza o
com-promisso com os funcionários e com a sociedade em geral. Apre-senta os planejamentos das di-versas atividades e serve também como histórico;
• Imagem sócio-ambiental aliada
ao produto (consumidores, forne-cedores e colaboradores).
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Monitoramento da Fauna
Além da identiicação e do
registro de indícios de animais silvestres, outras práticas são re-alizadas, como:
• Parcerias com o IBAMA e ou -tros órgãos, para a inserção dos
indivíduos das espécies ameaça-das nos habitats disponíveis nas fazendas de café;
• Placas com proibição da caça e
da pesca e conseqüente monito-ramento.
Pegada de um veado mateiro, na APP, de uma propriedade de café certiicado.
Algumas formas para praticar
o enriquecimento da lora nativa
local:
• Banco de sementes;
• Viveiros com mudas nativas; • Monitoramento e prevenção do
fogo e combate a incêndios.
Exemplo do galpão organizado para combater incêndios no interior da propriedade agrícola.
Guia de Boas Práticas
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Exemplos de Práticas adotadas
(1) Árvores nativas numa das Reservas Legais da
propriedade; (2) Cerca, garantindo o isolamento da reserva, e proteção das mudas, do gado existente; (3) Pastagem.
Identiicação das áreas de preservação permanente,
no interior das fazendas de café certiicadas
1
2
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Conforme a imagem, o relorestamento com árvores nativas foi realizado próximo a um lago (APP) na propriedade. E devidamente cercado, evitando a eventual invasão por gado.
Quebra-vento
Cafezal
Cerca
Relorestamento
Lago
Exemplo de Relorestamento com mudas nativas
Guia de Boas Práticas
destaque), indicadora de uma loresta madura.
Nascentes d’água protegidas em uma área de APP, com
a presença da árvore “jequitibá” (em destaque), indicadora
de uma loresta madura
Guia de Boas Práticas
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34 Guia de Boas Práticas
Pastagem Café
Reserva Legal
Área de pivô central com as barreiras de contenção d’água (setas)
Exemplos de propriedades que possuem interação de áreas produtivas com conservação.
A certiicação valoriza a interação das áreas produtivas
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(2) Tucano.
(1) Casal de “papagaios”; 1
2
Os Pássaros são disseminadores de sementes e ajudam no
equilíbrio dos ecossistemas
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APP: Área de Preservação Permanente (APP):
área protegida nos termos dos artigos 2º e 3º da Lei
4771 (Código Florestal Brasileiro), coberta ou não
por vegetação nativa, com função ambiental de pre-servar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabili-dade geológica, a biodiversiestabili-dade, o luxo gênico de fauna e lora, de proteger o solo e de assegurar o
bem-estar das populações humanas.
Consideram-se de preservação permanente, pelo só
efeito da Lei, as lorestas e as demais formas de ve -getação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso
d’água desde o seu nível mais alto, em faixa margi -nal, cuja largura mínima seja:
1) de 30 metros para os cursos d’água de menos de
10 metros de largura;
2) de 50 metros para os cursos d’água que tenham
de 10 a 50 metros de largura;
3) de 100 metros para os cursos d’água que tenham
50 metros a 200 metros de largura;
4) de 200 metros para os cursos d’água que tenham
de 200 a 600 metros;
5) de 500 metros para os cursos d’água que tenham
largura superior a 600 metros;
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios
d’água, naturais ou artiiciais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos
chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográica, num raio mínimo de 50 (cin -qüenta) metros de largura;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas com
declivida-de superior a 45° equivalente a 100% na linha declivida-de maior declive;
f) nas restingas, como ixadoras e dunas ou estabili -zadoras de mangues;
(deinidos em resolução do CONAMA)
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
Área de interesse social: segundo a Lei 4771 (Có
-digo Florestal Brasileiro):
a) as atividades imprescindíveis à proteção da inte-gridade da vegetação nativa, tais como prevenção e controle do fogo, combate a incêndios, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução
do CONAMA;
b) as atividades de manejo agrolorestal sustentável,
praticadas na pequena propriedade ou posse rural fa-miliar, não podem descaracterizar a cobertura vege-tal , nem prejudicar a função ambienvege-tal da área e c) demais obras, planos, atividades ou projetos
de-inidos em resolução do CONAMA.
Área de Proteção/Conservação: terra ou proprie-dade sob a proteção legal, com o intuito de preser-var ou de proteger a biodiversidade ou os serviços ambientais. Exemplos: parques nacionais, refúgios
da vida silvestre, reservas lorestais e reservas pri -vadas. Algumas áreas protegidas podem conter área
privada, onde a condução de certas atividades
eco-nômicas é permitida de acordo com regulamenta -ções estabelecidas;
Assoreamento: processo em que lagos, rios, baias e estuários vão sendo aterrados pelos solos e outros sedimentos neles depositados pelas águas das en-xurradas;
Averbação: registro oicial da Reserva Legal;
Canal: a superfície sobre a qual um rio, um riacho
ou outra corrente de água lui. Também conhecido
como “leito do rio“;
Conservação: a proteção, o uso racional, a restau-ração e a renovação de ecossistemas naturais e de recursos naturais, de acordo com os princípios que garantem os máximos benefícios sociais e ambien-tais, sem degradar os recursos ou os ecossistemas envolvidos;
Corpo Receptor de Água: um corpo receptor de águas residuárias (tratadas ou não tratadas), vindas das atividades industriais, agrícolas ou domésticas;
Corpos Naturais de Água: lagos, rios, riachos, nascentes e outros corpos de água líquida que exis-tem naturalmente;
Erosão: processo pelo qual as camadas supericiais
do solo ou partes do mesmo são retiradas pelo
im-pacto de gotas de chuva, ventos e ondas, sendo
trans-portadas e depositadas em outro lugar. Inicia-se com
erosão laminar e pode atingir o grau de voçoroca;
Fragmento Florestal: remanescente de ecossiste-ma natural isolado, em função de barreiras antrópi-cas (realizadas pelo ser humano) ou naturais que
re-sultam em diminuição signiicativa do luxo gênico
(perpetuação da espécie) de plantas e animais;
Canal: A superfície sobre a qual um rio, riacho
ou outra corrente de água lui. Também conhecido como “leito do rio”.
Conservação: A proteção, o uso racional, a restau-ração e a renovação de ecossistemas naturais e de recursos naturais de acordo com os princípios que garantem os máximos benefícios sociais e ambien-tais sem degradar os recursos ou os ecossistemas envolvidos.
Corpo Receptor de Água: Um corpo receptor de água que recebe águas residuárias (tratadas ou não tratadas) vindas das atividades industriais, agríco-las ou domésticas.
Corpos Naturais de Água: Lagos, rios, riachos, nascentes e outros corpos de água líquida que exis-tem naturalmente.
Guia de Boas Práticas
40
etc.), junto com o meio físicodentro de uma
deter-minada zona. Exemplos: áreas alagadas, lorestas,
campos e lagos;
DEPRN: Departamento Estadual de Proteção aos
Recursos Naturais;
EPI: Equipamento de Proteção Individual;
IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis;
IMAFLORA: Instituto de Manejo e Certiicação
Florestal e Agrícola;
Licenciamento Ambiental: instrumento da
Políti-ca Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei Federal Nº 6938/81, é um procedimento admi -nistrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, a instalação, a ampliação e a operação de empreendimentos e de atividades, que utilizem recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degrada-ção ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis
ao caso (deinição segundo a Resolução CONAMA 237/97);
PCA: Programa de Certiicação Agrícola;
RA: Rainforest Alliance;
RAS: Rede de Agricultura Sustentável;
Outorga de Água: a outorga é um instrumento de gestão que assegura, ao interessado, o direito de uti-lizar a água de uma determinada fonte hídrica, com
uma vazão e uma inalidade determinadas e por um período deinido. Usos de Água que Dependem de Outorga: Abastecimento humano e animal; Irriga -ção; Aqüicultura; Usos industriais e comerciais; Lazer e turismo; Lançamento de esgotos em corpos
d’água para ins de diluição, transporte e assimi -lação; Outros tipos de uso que alterem o regime, a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos. Empreendimentos Dispensados de Outorga:
capta-ções diretas em fontes supericiais ou subterrâneas, com consumo de até 2.000 l/h. Negativa de Outorga
- não serão expedidas outorgas para: Lançamento
em corpos d’água de resíduos sólidos, radioativos,
metais pesados e outros resíduos tóxicos; Lança-mento de poluentes em águas subterrâneas.
Reserva Legal: Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com exceção das áreas de preservação permanente, necessária ao uso sus-tentável dos recursos naturais, à conservação e à re-abilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e à proteção de fauna
e lora nativas, de acordo com a Lei 4771.
forma de matéria ou energia resultante das ativida-des humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
Manancial: todo corpo d’água utilizado para o
abastecimento público de água para o consumo;
Manejo: aplicação de programas de utilização dos
ecossistemas, naturais ou artiiciais, baseada em teo -rias ecológicas sólidas, de modo a manter, da melhor forma possível, nas comunidades, fontes úteis de pro-dutos biológicos para o ecossistema e também a servir
como fonte de conhecimento cientíico e de lazer;
Paisagem Natural: um mosaico geográico com
-posto por ecossistemas interativos, resultado de
inluência da interação geológica, topográica, edá
-ica (solo), climát-ica e biót-ica.
Reserva Legal: visa a garantir a biodiversidade da
lora e da fauna regionais. Deve ser averbada em
cartório para que se legitime;
Voçoroca: último estágio da erosão. Termo regio-nal de origem tupi-guarani, que denomina o sulco grande, especialmente o de grandes dimensões e rápida evolução. Seu mecanismo é complexo e in-clui, normalmente, a água subterrânea como agen-te erosivo, além da ação das águas de escoamento
supericial.
IMAFLORA: Instituto de Manejo e Certiicação
Florestal e Agrícola
Caixa Postal 411. Piracicaba-SP.
CEP: 13.400-970.
Telefone/Fax (19) 3414 4015. imalora@imalora.org www.imalora.org
Projeto Conservação da Biodiversidadede Café
Transformando as práticas produtivas
do setor cafeeiro a im de aumentar a demanda por café certiicado sustentável no mercado. Instituto de Manejo e Certiicação Florestal e Agrícola
Caixa Postal 411. Piracicaba-SP Cep: 13.400-970 Telefone/Fax: 55 (19) 34144-4015
imalora@imalora.org www.imalora.org
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